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18/12/2008

Leitão preso para assar

Carlos Leitão foi um dos mais activos dirigentes da oposição civil angolana, à frente do PADEPA. Depois de fortes divergências internas, um dos seus companheiros tomou o partido e chegou a disparar sobre Carlos Leitão, no ano passado, frente à respectiva sede. Estranhamente, a polícia não prendeu o atirador nem averiguou nada. Antes das eleições o Tribunal Constitucional reconheceu a liderança do seu rival e a participação do PADEPA nas eleições redundou num fracasso total - esteve praticamente inactivo e, portanto, não recebeu votos nenhuns. Carlos Leitão, que sempre foi o rosto do partido, ficou 'constitucionalmente' de fora e apelou ao voto na UNITA, chegando mesmo a colocar apoiantes seus a distribuir propaganda dos 'maninhos'. Houve escaramuças com a polícia em Luanda por causa disso. Agora, baseando-se numa queixa apresentada pelo seu rival, em que diz que ele falsificou os documentos do partido e abusou do seu poder enquando líder, a polícia, sem mandato de captura e quando Carlos Leitão se preparava para sair do país por questões de saúde, prendeu-o. O seu advogado tenta o 'habeas corpus', alega a ilegalidade da prisão, bem como o facto de o seu constituinte ter problemas cardio-vasculares muito graves (está, aliás, preso no Hospital Militar Principal em Luanda, pois sofreu um ataque logo após a prisão). Nada adiantou até hoje. Carlos Leitão continua preso. Estes episódios somam-se a outros, como a perseguição (ora 'afável', ora violenta) aos militantes do PRS na Lunda, a citação dos irmãos Pinto de Andrade para irem à sede do MPLA justificar o seu afastamento político-partidário (apesar de, pelo menos um deles, há muito já não pertencer ao partido, tendo-se filiado noutro e declarado tudo publicamente), o aliciamento constante de militantes da oposição para se mudarem para o MPLA, com promessas de melhoria de vida, de cargos, etc.. Fica difícil não acreditarmos que o partido maioritário tem um plano para se tornar, na prática, o único. Disfarçadamente ou não, o facto é que os partidos e dirigentes que mais incomodam vão sendo perseguidos. Hoje uma coisa, amanhã outra, dá-se a desculpa esfarrapada do excesso de zelo de alguns militantes e policiais, diz-se que não há plano nenhum, depois de tudo adormecer um bocado faz-se outra patifaria contra a oposição. É assim que se entende a liberdade aqui: somos livres de dar cabo dos outros. No entanto, perante isto tudo, a restante oposição ainda não se manifestou. Depois queixam-se...